Trabalhador forçado a tatuar iniciais dos patrões em MG poderá ser indenizado em mais de R$ 1 milhão
Trio é acusado de manter trabalhador em cárcere privado por nove anos com violência física, sexual e psicológica; vítimas eram aliciadas em redes sociais com falsas promessas de emprego e estudo.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com ação civil pública na Justiça Trabalhista pedindo a indenização de R$ 1,3 milhão a um trabalhador de 32 anos mantido por nove anos em condições análogas à escravidão no município de Planura, no Triângulo Mineiro. A vítima, que é homossexual, foi submetida a trabalho forçado, violência física, psicológica e sexual, além de ser obrigada a tatuar as iniciais de dois dos patrões nas costelas como forma de "marcação de posse".
A ação foi divulgada na segunda-feira (28) e inclui pedido de R$ 300 mil referentes a verbas salariais e rescisórias, além da regularização do contrato de trabalho na carteira de 2016 a 2025. O MPT também pede R$ 1 milhão por danos morais individuais e R$ 2 milhões por danos morais coletivos, valor que seria revertido para ações sociais na região.
Os acusados — um contador, um administrador e um professor — formam um trisal e foram presos em flagrante pela Polícia Federal. Eles estão detidos na Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, em Uberaba, pelo crime de tráfico de pessoas com finalidade de exploração de trabalho análogo à escravidão. Segundo o MPT, os suspeitos miravam pessoas LGBT+ em situação de vulnerabilidade socioeconômica para explorá-las.
Na mesma operação, uma mulher transexual uruguaia de 29 anos também foi resgatada. Ela permaneceu seis meses na residência dos suspeitos, onde presenciou as agressões. A vítima relatou ter sofrido um AVC, supostamente provocado pelo estresse e a violência vivida, e foi abandonada pelos patrões.
A investigação teve início após denúncia ao Disque 100 e revelou aliciamento pelas redes sociais com falsas promessas de emprego, moradia e oportunidades educacionais. As vítimas hoje recebem assistência médica, psicológica e jurídica por meio de parcerias com a UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e a Unipac.
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